Carta encíclica sobre a fé [3]
Por este caminho, a fé acabou por ser associada com a escuridão. E, a fim de conviver com a luz da razão, pensou-se na possibilidade de a conservar, de lhe encontrar um espaço: o espaço para a fé abria-se onde a razão não podia iluminar, onde o ser humano já não podia ter certezas. Deste modo, a fé foi entendida como um salto no vazio, que fazemos por falta de luz e impelidos por um sentimento cego, ou como uma luz subjectiva, talvez capaz de aquecer o coração e consolar pessoalmente, mas impossível de ser proposta aos outros como luz objectiva e comum para iluminar o caminho. Entretanto, pouco a pouco, foi-se vendo que a luz da razão autónoma não consegue iluminar suficientemente o futuro; este, no fim de contas, permanece na sua obscuridade e deixa o ser humano no temor do desconhecido. E, assim, o homem renunciou à busca de uma luz grande, de uma verdade grande, para se contentar com pequenas luzes que iluminam por breves instantes, mas são incapazes de desvendar a estrada. Quando falta a luz, tudo se torna confuso: é impossível distinguir o bem do mal, diferenciar a estrada que conduz à meta daquela que nos faz girar repetidamente em círculo, sem direção.
A luz da fé [Carta Encíclica sobre a fé - «Lumen Fidei»]
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Refletir... saborear
- A fé foi associada à escuridão (cf. número 2)
- A fé foi remetida para o espaço «onde a razão não podia iluminar»
- A fé apenas se torna possível no âmbito subjetivo, pessoal
- Permanece a necessidade de uma luz que ilumine a totalidade da existência
- A fé, para mim, é luz ou escuridão? Porquê?
- A fé faz parte apenas do âmbito subjetivo e pessoal? Cada um tem a sua fé?
© Laboratório da fé, 2013