— O que Deus exige de nós? —
Dia 4 — Caminhando como filhos da terra
- Levítico 25,8-17 — A terra é para o bem comum, não para lucro pessoal
- Salmo 65,5b-18 — O frutuoso derramamento da graça de Deus sobre a terra
- Romanos 8,18-25 — O anseio de toda a criação pela redenção
- João 9,1-11 — A cura feita por Jesus: lama, corpos e água
A história cristã é uma história de redenção de toda a criação; é a própria história da criação. A crença de que, em Jesus, Deus se tornou uma pessoa humana, num tempo e num lugar específicos, é um dado central ao redor do qual todos os cristãos se unem. É uma fé partilhada na Encarnação que traz consigo um profundo reconhecimento da importância da criação – de corpos, alimento, terra, água e tudo o que sustenta nossa vida como pessoas no planeta. Jesus é totalmente parte deste mundo. Pode ser um pouco chocante ouvir que Jesus cura usando saliva e pó da terra; mas é coerente com esse real sentido do mundo criado como parte integrante da ação de Deus nos trazendo vida nova.
No mundo inteiro, a terra costuma ser trabalhada pelas pessoas mais pobres, que freqüentemente nem participam elas mesmas do frutuoso resultado; assim é a experiência de muitos dalits na Índia. Ao mesmo tempo, são essas comunidades que têm um particular cuidado com a terra, como se vê pela sabedoria adquirida na prática de lidar com a terra, que é visível no desenvolvimento de seu trabalho.
O cuidado com a terra inclui questões básicas sobre como os seres humanos devem viver dentro da criação, de um modo que seja o mais plenamente humano para todos. O fato de que a terra – com o trabalho que nela se faz e a sua posse – seja tão freqüentemente fonte de desigualdades econômicas e de práticas degradantes de trabalho é motivo de grande preocupação e clama por ação conjunta dos cristãos. O acordo no reconhecimento desses riscos de exploração no que diz respeito à terra é encontrado nas instruções do Levítico sobre o Ano do Jubileu: a terra e seus frutos não nos são dados para ser uma oportunidade para “levar vantagem uns sobre os outros”, mas o trabalho da terra deve trazer benefícios para todos. Isso não é apenas uma “idéia religiosa”; é algo ligado a práticas muito realistas de economia e negócios relacionadas ao modo como a terra é usada, comprada e vendida.
Oração
Deus da vida,nós te agradecemos pela terra
e por aqueles que cuidam dela e fazem com que produza frutos.
Pedimos que o Espírito, o doador da vida,
nos faça reconhecer que somos parte da rede de relacionamentos da criação.
Queremos aprender a valorizar a terra
e escutar os lamentos da criação;
ajuda-nos a seguir verdadeiramente os passos de Cristo,
trazendo cura para tudo que fere a terra
e garantindo uma justa partilha daquilo que ela produz.
Deus da vida, guia-nos para a justiça e a paz.
Questões
As leituras de hoje convidam os cristãos a uma profunda unidade na ação a partir de uma preocupação em comum com a terra. Onde pomos em prática o espírito do Jubileu, juntos, em nossa vida de cristãos?
Onde, em nossas comunidades cristãs, somos cúmplices de coisas que degradam e exploram a terra? Onde podemos trabalhar mais juntos, aprendendo e ensinando a reverência diante da criação de Deus?